Resenha: O Problema do Para Sempre - Jennifer L. Armentrout

Editora Galera Record
Tradutora: Rachel Agavino
388 páginas
2017

Mallory não teve uma infância das mais fáceis e desde cedo aprendeu que o melhor para salvar sua pele era ficar calada. Em um lar terrível, seu único consolo era Rider, garoto que morava junto com ela e sempre a protegeu. Quatro anos depois, tudo mudou e agora Mallory tem um futuro promissor e uma família que a ama. Tudo parece bem, exceto pela sua dificuldade em falar. E quando arrisca começar em uma escola, seu mundo vira de cabeça pra baixo quando finalmente reencontra Rider.

Jennifer L. Armentrout é a autora de uma série bem famosa publicada por outra editora aqui no Brasil. A editora Galera Record, entretanto, publicou o primeiro livro único dela em terras brasileiras, e escolhi ele para conhecer a escrita da autora. Confesso que fui com altas expectativas para a leitura de O Problema do Para Sempre e por isso, acabei me decepcionando um pouco.

"Nós todos acreditamos ter a garantia de que as coisas que amamos vão durar para sempre. Mas o problema do para sempre é que ele realmente não existe."

Sem spoilers, a história é sobre Mallory, uma orfã que passou a infância em um lar temporário e nele, aprendeu a ficar de boca fechada. Felizmente ela pôde encontrar um lar definitivo  amoroso, deixando tudo de ruim para trás. Ao entrar na escola após alguns anos de educação em casa, ela reencontra uma pessoa importante do passado, revivendo-o.
A premissa é muito boa e instigante, além da originalidade. Armentrout aborta inúmeros assuntos interessantes ao longo do livro e tem uma escrita um tanto agradável. É limpa, fluída e direta, com muitas situações e descrições razoáveis, toda permeada de muita delicadeza. Não há um mistério ao redor do passado dos dois, já que a autora volta e meia alterna as passagens. Por mais que se passe majoritariamente no presente, ao longo de toda a obra tem cenas do passado de Mallory e Rider.

Entretanto, Armentrout tem um pote de ouro quanto a assuntos e sinto que não os aproveitou muito bem. A autora aborda a questão de adoção, conceito de lar, pobreza e tráfico e poderia utilizar muitos pontos desses assuntos. Ainda assim, a impressão que eu tive ao terminar o livro foi que ela, apesar de tratar cada um deles com frequência, não abordou intensamente, não me fez sentir muito com as coisas que a autora passou. Havia vários temas maravilhosos e pouco abordados na literatura jovem, mas apesar de ter escrito e posto como pano de fundo cada um deles, não foram aproveitados ao máximo.

Por outro lado, deve-se destacar o fato de que os protagonitas não são chatos. Mallory possui toda a dificuldade de fala no início do livro e podemos ir acompanhando sua melhora e amadurecimento, conforme ela vai descobrindo-se melhor. Já Rider não é um protagonista mimado e que se força sobre a garota. Pelo contrário, o sentimento infantil de proteção ainda está ali. Por causa desse sentimento (não da ótima construção deles), não senti química entre os dois, além de me sentir frustrada pelo fato de a obra focar basicamente no romance. Volto a mencionar o problema citado acima. Armentrout tinha vários temas incríveis, mas não os aproveitou muito.
Todos os personagens são cativantes e todos os que mais aparecem possuem uma história de vida bem diferente, com vários problemas sendo abordados.

Armentrout foca no romance e no drama e por isso, há cenas mais quentes no sentido de descobertas e cenas que partiram meu coração, que foi a passagem que deu um gás para o fim do livro, que aos poucos começava a ficar monótono.
Senti falta também de respostas para algumas questões que ficaram em aberto no final.
Por fim, O Problema do Para Sempre mostra-se um excelente livro, sobretudo para os mais jovens e os que gostam de uma boa leitura que apresenta conhecimentos interessantes, ainda que a história peque em alguns pontos.