Esse é o primeiro post de mangás e hqs da primavera, e a primeira vista, o título do mangá de hoje parece bem condizente: A Cidade da Luz, um volume único (pra variar um pouco aqui, né? hehe) do autor Inio Asano. Entretanto, não se engane pela capa aparentemente alegre e pelo título fresco; A Cidade da Luz mostrou-se uma das obras japonesas mais obscuras que já tive a chance de ler.
Uma área residencial é criada nos arredores de Tóquio e chamade de "Cidade da Luz". Lá, grandes edifício coexistem com casas antigas e presenciam o cotidiano de seus habitantes. Nesta compilação de histórias ora sombrias, ora felizes, ora trágicas, o aclamado autor Inio Asano entrelaça os destinos de pessoas que nem sempre são tocadas pelos raios de Sol que banham a cidade em que vivem.Logo nas primeiras páginas, a obra de Inio Asano se mostra uma crítica real e inteligente ao que nossa sociedade é atualmente. Com poucas imagens e muitas falas de pessoas diferentes, com diálogos vazios ou banais e por isso, humano.
O mangá, além dos capítulos, é dividido indiretamente de duas formas. O que descreve a primeira parte é inacreditável e fabuloso. Há uma série de suicídios ocorrendo n'A Cidade da Luz. Jovens e adultos tiram suas vidas e uma pessoa acompanha esse momento em troca de dinheiro e para pegar o celular da vítima depois. Essa parte é envolvente, melancólica, onde as fraquezas humanas são postas em evidência. A principal intenção do mangaka é questionar o leitor sobre a vulnerabilidade da vida e como sua pureza pode ser manchada. Apesar do clima tenso que roda o volume inteiro, a certa beleza na exploração das relações humanas, o que Inio Asano faz muito bem. Para completar, há um final chocante para a primeira parte, que me deixou satisfeita.
Já a segunda parte não é tão boa, porém. As plots são menores e confusas, com alguns diálogos difíceis de entender. Algumas cenas não parecem tão importantes para serem inseridas na história e o final deixa a desejar. A melhor coisa da segunda parte, na minha opinião, é a última - que aborda a reencarnação, de uma forma sutil e muito bonita.
O ponto mais negativo com certeza fica por conta do acabamento. Quem acompanha essa sessão sabe que já falei de inúmeros mangás volume único publicados pela Panini. Todos com ótimo acabamento, folhas de qualidade, orelhas na capa e afins. Entretanto, todo o capricho usado em outros títulos foi poupado nesse, onde não há orelhas e o papel é jornal, custando R$13,90.
Por fim, a história é recomendada principalmente pela primeira parte da história, que é de cair o queixo e bater palmas com a maestria do mangaka. Mesmo que haja pontos negativos quanto à segunda parte e o acabamento, recomento bastante a leitura, mesmo que seja para passar adiante depois.
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