Resenha: A Sábia de Waterloo - Leona Francombe

 
Editora Record
Tradutora: Juliana Romeiro
240 páginas
2015

Em 1815, houve uma batalha que mudou o destino da história que conhecemos hoje. Conhecida como A Batalha de Waterloo, ingleses e francesas lutaram - milhares até a morte -, que teve como palco uma fazenda chamada Hougoumont.
Entretanto, coelhos sobreviveram à grande batalha e agora, seus descendentes relatam tudo o que aconteceu. A encarregada de passar a história é D. Lavanda, a tataravó de William, um coelho branco que difere dos demais e que é muito interessado pela história de onde vive.

Conheci A Sábia de Waterloo há dois anos atrás, e o encanto aconteceu a primeira vista com essa capa maravilhosa, toda aquarelada e com coelhinhos na capa! O interesse aumentou ao saber que se tratava de uma ficção baseada em um fato histórico que, confesso, nem sabia que havia acontecido. Entretanto, só pude fazer a leitura esse ano e posso dizer que esperava mais da leitura.

"Não saber a própria origem é realmente uma reviravolta estranha, como se você tivesse sido separado da ordem natural das coisas e deixado à deriva, sem poder confiar nem mesmo nas maiores obviedades, como o fato de que depois da noite vem o dia."

A narrativa de Leona Francombe é bem envolvente e muito descritiva. Além disso, há muitos detalhes sobre como os coelhos vivem em comunidade, se relacionam tanto entre si, como com a história. Logo, não se trata inteiramente sobre o que aconteceu em Waterloo, mas nos coelhos, seus hábitos e convivência. Outro ponto positivo é que, apesar da história tecnicamente se passar  a fazenda de Hougoumont, a autora divide o livro em dois cenários. Considerei importante porque, dado o tema da trama, a história poderia tornar-se bem massante caso houvesse apenas um ambiente.
Além disso, há várias lições de vida, reflexões sobre a fragilidade do mundo e inúmeras passagens para serem marcadas ao longo da história.

Entretanto, o ponto falho é justamente sobre como a autora narra os fatos da Batalha de Waterloo. Todos os comentários feitos acerca da batalha são cercados de reflexões dos coelhos por todos os lados. Logo, a impressão que dá que são fatos desordenados, que não seguem uma linha contínua nos acontecimentos, de forma a dificultar um pouco o entendimento sobre o acontecimento histórico.

Os personagens, é claro, não poderiam ser mais bonitinhos. Apesar de serem coelhos, eles possuem a própria fala e são tão inteligentes quanto os humanos. Dona Lavanda, a sábia de Waterloo, é extremamente misteriosa, e um pouco rabugenta, tendo o William como coelhinho favorito, que é o narrador da história e também é misterioso e um tanto curioso.

Francombe utiliza-se de certas metáforas e suspense com algumas partes, especialmente ao fim do livro. Cabe ao leitor, então, ter a própria interpretação do que aconteceu.
Ainda assim, as dúvidas ao redor dos personagens são sanadas e aproveito para alertar que há cenas um pouco pesadas, motivo pela qual não recomendaria este livro para crianças.

Por fim, A Sábia de Waterloo é muito bom para quem aprender sobre a batalha que mudou o destino da Europa de forma sútil e descontraída, pelo olhar de seres pequeninos, mas extremamente inteligentes.

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