Resenha: Tenshi: Um Anjo Sem Asas - Luciane Rangel

 
Editora EraEclipse
Ilustradora: Ana Claudia Coelho
300 páginas
2014

Umi é uma gaijin (um termo perjorativo para estrangeiro), adotada por um casal de japoneses que a amam muito. Sua vida é normal, frequentando o colégio e tendo apenas duas amigas, de personalidades totalmente opostas. Mas tudo muda no Tanabata Matsuri (Festival das Estrelas), onde ela encontra um garoto caido na rua, desmaiado. Ao acordar, ele parece não se recordar de absolutamente nada. E agora, o que ela poderia fazer?
Tenshi - Um Anjo Sem Asas, conta as peripécias de Umi ao tentar ajudar aquele garoto desmemoriado, a quem deu o nome de Aki, a abrir asas e voar. E ao mesmo tempo, conta o amadurecimento da adolescente com os assuntos mais profundos que pertubam sua mente.

Geeente, esse livro é uma gracinha! Quem me conhece sabe que eu adoro a cultura japonesa, e ao ler Tenshi, eu me senti assistindo a um anime! Tem tudo dos romances bobinhos e joviais que eu tanto amo.


Umi Matsuo é uma jovem garota de 15 anos, que tem muitos problemas pra resolver. Para começar, ela é adotada, e morre de medo que a mãe engravide e ela seja excluída da vida dos pais. É uma gaijin, uma estrangeira, fazendo com que seja alvo de preconceito e bullying no colégio, já que muitos japoneses não aceitam e nem gostam de pessoas vindas de fora no país. Tem aquelas paixonites loucas pelo professor bonitão da escola. Possui poucas amigas, mas mesmo assim, possui uma vida feliz. Quando num festival, ela é alvo de zoações, e por isso foge, ela acaba encontrando um garoto caído no chão. Ele, ao acordar, não tem ideia de quem é. Enquanto constroem uma amizade verdadeira, tentam desvendar o mistério em torno dele.

"Por um instante, tive a breve ilusão de que um grande par de asas iria mesmo surgir das costas de Aki, e que ele nos salvaria."

O livro se passa no Japão, precisamente em Tóquio. Embarcamos então em uma cultura diferente da nossa em inúmeros aspectos, e que foi muito bem inserida na história. Luciane Rangel dá várias informações sobre a cultura japonesa; ora diretamente, com a protagonista explivaneo exata e detalhadamente o que é, ora indiretamente, onde as diferenças são apenas inseridas no diálogo, em menções. As informações enriqueceram muito o texto, fazendo com que qualquer um tenha fácil entendimento e se sinta no universo da história.

Tenshi é narrado por Umi, e algumas outras partes pelo restante das personagens, em 3º pessoa. Nas narrativas da protagonista, ela escreve como em um diário, ou como se estivéssemos lendo seus pensamentos, o que torna a leitura fluída e divertida. Umi é uma personagem carismática e algumas vezes, irritante. Possui todos os dilemas que qualquer garota em sua idade tem. Possui um coração gentil, perdoando facilmente, sempre tentando ver o melhor nas pessoas. E é bem lerdinha. A coisa que mais me irritou-me nela, e que é normal no mundo literário, é que Umi não tem autoestima alguma. O tempo todo ela menciona que é "só uma gaijin", que é inferior e por isso é a garota mais feia do Japão.

Nas narrações destinadas aos outros personagens, temos passagens mais reflexivas e profundas. O interessante da história da autora, é que ela procurou abordar todas as personagens principais. Todos têm algum motivo para terem personalidades de tal jeito, de agirem de tal modo.
A melhor personagem, em minha opinião, é Kaori. Ela é a mais fechada do trio, e não sabe muito bem como demonstrar seus sentimentos. Mostra-os então, defendendo as amigas sempre que pode. Isso acaba colocando-a em algumas situações complicadas, mas que valerão a pena no fim das contas.
Natsu foi a decepção para mim. Não me identifiquei nem um pouco com a personagem, e olha que ela nasceu um dia depois de mim!
Quanto aos garotos, não direi nada, para que leiam e tirem suas próprias conclusões.

O trabalho feito no exemplar é magnífico! Gostaria de parabenizar a editora pelo cuidado. Há ilustrações de algumas cenas em cada capítulo (muito bem feitas, por sinal!), e também temos acesso a lista de informações sobre cada personagem! (Gente, eu me senti jogando aqueles joguinhos de conquistar garotos hahaha)
No fim do livro, há uma lista com inúmeras curiosidades sobre o Japão e sobre Tenshi, e também podemos contar com dicas de pronúncias de palavras japonesas que aparecem na obra.

Com muitos diálogos divertidos e fáceis de ler, Tenshi é leitura obrigatória para quem quer um romance fofinho e engraçado, e para quem ama ler um ótimo shoujo!

"Dizem que, quando a gente joga uma pedra num rio, aquele rio nunca mais volta a ser o mesmo. Terá sempre aquela pedrinha a mais que, embora aparentemente não faça a menor diferença, agora está ali. E o velho rio passa a ser, sim, um rio novo. Talvez todo mundo seja uma nova pessoa a cada dia e a cada coisa nova que acontece."

4 comentários:

  1. "Umi é uma personagem carismática e algumas vezes, irritante... é bem lerdinha. A coisa que mais me irritou-me nela, e que é normal no mundo literário, é que Umi não tem autoestima alguma"
    nossa ;-; e 5 estrelas mesmo assim? eu acho isso bem chato em uma personagem, e quando é em primeira pessoa, influencia muito na historia e fica meio chato;; não sei se aguentaria haha
    mas sim, omg, me lembrou um shoujo ♥ isso é bem comum em shoujos também aliás. haha então me deu curiosidade de ler! ><
    A autora soube mesmo passar a historia no japão direitinho? será que ela ja foi pra lá ou algo do tipo? isso seria interessante!
    curiosa para saber o o que acontece com o Tenshi!
    gostei muito da resenha ♥

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  2. @Laryssa Norões
    Sim! A baixa auto estima dela foi a única coisa que não gostei. Mas como o livro no geral é excelente, e essa é uma característica comum a inúmeras personagens, deu pra ignorar na hora da avaliação. Apesar de ser em primeira pessoa também, ela consegue ser otimista na maior parte do tempo; então ok haha
    Soube sim! Eu realmente achei que estava lendo um shoujo. Todos os detalhes de uma escola japonesa, por exemplo, estão lá! Acredito que a autora não tenha ido ao Japão, porém. Apenas animes por muitos anos! Haha
    E obrigada ♡

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  3. Que fofa a sua resenha, Camila! <3 Fico feliz que tenha curtido Tenshi! ^_^

    E, respondendo ao comentário hahahaha Não, eu nunca fui ao Japão, mas faço Letras - Japonês na faculdade, e estudo não só a língua e a literatura, como também História e Cultura japonesa, leio muito sobre o assunto e, claro, fiz um trabalho bem pesado de pesquisa quando escrevi Tenshi. Aliás, uma das minhas beta readers do livro foi uma amiga que morava já há quase dois anos no Japão. Claro que os anos de anime e dorama também ajudaram rs...
    Ah, e a Kaori é a favorita de quase todo mundo (inclusive da autora! rs)

    Beijocas e obrigada pela resenha! ^_^

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  4. @Luciane Rangel

    Oi, Lu! Fico muito feliz que tenha gostado da resenha ♡♡
    Muito feliz mesmo.

    E é verdade, eu esqueci que você cursa japonês! Todo livro tem um trabalho grande de pesquisa, e no seu caso o resultado ficou ideal, haha.
    E sim, os animes sempre ajudam, nem que sejam só pra nos inserir nessa cultura.

    Eu que agradeço por vir ler ♡
    Beijos!

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